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Poderia um fungo parasita evoluir e transformar humanos em zumbis?

O fungo criador de zumbis em The Last of Us é real, mas há muitos outros fungos a temer. Das 5 milhões de espécies de fungos no mundo, algumas centenas são perigosas para as pessoas.

Publicada em 25/01/2023 às 15:33h

por National Geographic Brasil


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Corpos frutíferos surgem de uma mariposa morta morta pelo fungo cordyceps. O fungo ophiocordyceps, geneticamente relacionado, também mata insetos, mas primeiro obriga o corpo do hospedeiro a cumprir suas ordens.  (Foto: National Geographic Brasil)

Uma formiga, não mais no controle de seu corpo, rasteja para longe de sua colônia, pendura-se perigosamente em uma folha e espera para morrer enquanto um fungo consome seu corpo. Ele emerge de sua cabeça e libera esporos no ar. 

“Eles são como esses enfeites de Natal sombrios na floresta”, compara Ian Will, geneticista de fungos da Universidade da Flórida Central, onde essas formigas zumbificadas podem ser encontradas.

E se esse fungo parasita pudesse fazer a mesma coisa conosco? 

Essa é a premissa do jogo The Last of Us, no qual, como resultado do aquecimento das temperaturas causado pelas mudanças climáticas, um fungo toma conta do mundo e transforma os humanos em zumbis controlados por parasitas. 

“De uma forma fantástica, os links lógicos estão lá, mas não é provável que isso aconteça na vida real”, diz Will. Mas enquanto os cientistas não estão preocupados com a evolução dos fungos para transformar as pessoas em zumbis, o aumento das temperaturas representa um risco real de piorar as infecções fúngicas.

 

Como o fungo infecta as formigas? 

O criador de The Last of Us , Neil Druckmann, teria se inspirado em um vídeo da natureza mostrando o fungo, ophiocordyceps unilateralis, infectando uma formiga-cabo-verde. Cordyceps são uma ampla categoria de parasitas de insetos e um suplemento de saúde popular. Mas apenas os ophiocordyceps controlam o corpo de seu hospedeiro. 

Sabe-se que cerca de 35 desses fungos ophiocordyceps transformam insetos em zumbis, mas podem existir até 600, diz João Araújo, especialista em fungos parasitas do Jardim Botânico de Nova York (EUA).

Os primeiros sinais de infecção são comportamento errático e anormal. Os cientistas acham que o parasita assume o controle físico de seu hospedeiro ao cultivar células fúngicas ao redor do cérebro, que sequestram o sistema nervoso de um inseto para controlar seus músculos. Não está claro exatamente como ele faz isso, seja liberando uma substância química ou alterando o DNA de um inseto, explica Will.

É um processo que o fungo vem refinando dentro de seu hospedeiro específico desde antes da história humana.

“Nossa hipótese é que eles coevoluem há cerca de 45 milhões de anos”, diz Araújo. 

Temos certeza de que este fungo não pode infectar humanos?

Para o fungo passar para qualquer animal de sangue quente, seria necessário um trabalho evolutivo sério. 

“Se o fungo realmente quisesse infectar mamíferos, seriam necessários milhões de anos de mudanças genéticas”, pondera Araújo.

Cada espécie de fungo criador de zumbis evoluiu para corresponder a um inseto específico, portanto, cepas únicas têm pouco efeito em um organismo, exceto naquele que evoluíram para infectar. Por exemplo, um cordyceps que evoluiu para infectar uma formiga na Tailândia não pode infectar uma espécie de formiga diferente na Flórida. 

“Se infectar uma espécie de formiga é difícil, acontecer o mesmo em humanos é definitivamente ficção científica”, diz Will. “Mas essa ideia de que a temperatura desempenha um papel nas infecções fúngicas é certamente razoável”.

 

Uma ameaça do aumento das temperaturas? 

Mesmo sem uma ameaça iminente de fungos parasitas, há muitos outros fungos a temer. 

Estima-se que existam milhões de espécies de fungos no mundo, e algumas centenas são conhecidas por serem perigosas para os seres humanos. Uma coisa que nos protegeu de infecções fúngicas graves são nossos próprios corpos quentes. Em torno de 36 °C, os corpos humanos são muito quentes para a maioria das espécies de fungos espalharem uma infecção – eles preferem uma faixa de 25 °C a 30 °C. 

(Artigo relacionado: Qual é a temperatura média do corpo humano? Ela está mudando?)

“Uma das razões pelas quais temos fungos é que eles podem ficar entre as dobras da pele. Esses são lugares úmidos e escuros onde os fungos podem proliferar e são mais frios que a temperatura do corpo”, explica Shmuel Shoham, especialista em doenças infecciosas da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins (EUA).

“À medida que a Terra esquenta, existe a preocupação de que a mudança entre a temperatura ambiente e a temperatura corporal não seja tão dramática”, diz ele. Hipoteticamente, isso tornaria mais fácil para os fungos que evoluíram para suportar temperaturas externas mais quentes também sobreviverem dentro do corpo humano. 

Existe uma espécie de fungo capaz de infectar pessoas que os cientistas acreditam ser resultado do aquecimento das temperaturas, chamada candida auris. Ele não era muito conhecido pela ciência até 2007, mas em 2011 e 2012, de repente foi encontrado em três continentes diferentes. 

“Aconteceu do nada”, diz Arturo Casadevall, especialista em doenças infecciosas da Johns Hopkins School of Public Health, nos Estados Unidos. “A ideia é que esse fungo estava por aí e, com o passar dos anos, foi se adaptando a temperaturas mais altas.” 

Quando entram na corrente sanguínea, os fungos apresentam sintomas semelhantes a uma infecção bacteriana, observa Shoham. Para pessoas com sistema imunológico saudável, combatê-los normalmente não é um problema. Mas muitos não têm tanta sorte: os Centros de Controle de Doenças (CDC, na sigla em inglês) estimam que 30 a 60% dos pacientes infectados com o fungo morreram, embora a possibilidade de terem problemas de saúde subjacentes torne difícil determinar o papel fundamental que a candida auris desempenhou. 

Mas quando perguntado se um surto de fungos semelhante à Covid-19 era possível, Casadevall diz que não está fora de questão. 

Considerando essa possibilidade, ele postula: “Estou preocupado com o surgimento de uma doença desconhecida, que infectaria o imunocompetente? Sim."




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